Neste final de semana estreamos o espetáculo "Drummond" em Itabira. O espetáculo fez parte do projeto "Um Novo Olhar Sobre Itabira".No elenco, além do Grupo Ponto de Partida , tivemos a participação especial de Carolina Paixão, itabirana que integrou o espetáculo apartir de uma oficina com o Grupo.
O projeto será finalizado neste ano com a gravação de um CD com os "Mineiros de Itabira", coro composto por funcionários da Vale.
Estamos em Itabira ensaiando e preparando o Coro. Em breve mando mais notícias e claro, as fotos da nossa estreia. Aguardem!
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Release "O Círculo do Ouro"
Grupo Ponto de Partida estreia
“O Círculo do Ouro”
Às vésperas de completar 30 anos, grupo apresenta texto inédito que narra o “século de ouro” das Minas Gerais, reafirmando seu compromisso com a palavra e a literatura.
Único final de semana: dias 13, 14 e 15 de novembro no Teatro do SESC Vila Mariana
Após o sucesso de “Ser Minas tão Gerais” e “Pra Nhá Terra”, o grupo Ponto de Partida estreia “O Círculo do Ouro”, com seus 14 atores e realização do SESC SP. O espetáculo foca o olhar em um dos momentos mais determinantes da história de Minas Gerais e do país, quando as minas são descobertas e o ouro atrai para o sertão o maior contingente de habitantes jamais visto na colônia: nessa época, Villa Rica era mais populosa que Nova York. Seguindo os processos muito particulares do Ponto de Partida na montagem de um novo espetáculo, os personagens e o texto foram criados pelos atores a partir da pesquisa. A história e a dramaturgia são da diretora do grupo, Regina Bertola.
O texto traz a saga dessa gente vigiada, cercada por impostos absurdos e delações, afinal, o volume de ouro retirado das minas era tamanho que foi suficiente para contribuir significativamente com o financiamento da Revolução Industrial, na Inglaterra, e transformar o mundo para sempre*. Apesar disso, essa gente vivia em condições miseráveis, na luta permanente para sobreviver, se inventar, se nomear. Como essa herança nos determina hoje e como ela amalgamou tantos elementos na construção da nossa forma de ver e estar no mundo e na criação de nossos artistas contemporâneos é o mote da peça, com apresentações nos dias 13, 14 e 15 de novembro no Teatro do SESC Vila Mariana.
Toda essa história é contada do ponto de vista do povo e não se desenrola atada a nenhum compromisso didático. É puro teatro: lúdico e poético, que quer deixar aflorar os traços que nos determinam brasileiros, mas também as questões que nos instigam como seres humanos: o amor, a liberdade, o medo, a solidariedade, a sobrevivência, a paixão, a ousadia, a coragem, a loucura, a identidade.
Nesses 29 anos de trabalho, com mais de 30 espetáculos produzidos, o Ponto de Partida orgulha-se de ter pesquisado e criado uma dramaturgia que coloca o homem brasileiro no centro do palco, no papel principal. Tem incorporados à sua bagagem textos de sua autoria, como Viva o Povo Brasileiro ou Beco – a ópera do lixo, montagens de grandes autores brasileiros, como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Manoel de Barros, Jorge Amado, Adélia Prado, Bartolomeu Campos de Queirós e a obra de compositores como Milton Nascimento, Chico Buarque, Pablo Bertola. E, apesar de fortemente ligado às suas raízes culturais, em momento algum o grupo se fecha num regionalismo estreito, haja visto a sua carreira internacional com vários espetáculos premiados fora do país.
*fonte: KOSHIBA, Luiz – História do Brasil. São Paulo, Ed. Atual, 1993.
O TEXTO
Além do desafio imenso de inventar um espetáculo tendo como suporte mais de um século de História, o aspecto mais instigante e inovador do “O Círculo do Ouro” é que essa história é contada a partir da fala do povo e do universo de escritores mineiros contemporâneos. Então, os personagens do século XVIII, em sua maioria mestiços, falam também Adélia Prado, Drummond e Guimarães Rosa. E o mais emocionante é como isso se concilia, com que propriedade o texto toma forma e como é quase mágico perceber como as palavras empregadas em outros textos e contextos, se entregam com gosto a essa nova história. Também se incorporam ao texto documentos oficiais, cartas régias, decretos, “bandos”, cartas de viajantes que determinam o tempo histórico e mostram a relação da Coroa e do poder com a gente das Minas.
Apesar de “O Círculo do Ouro” estar contextualizado num tempo histórico ele é uma ficção, um texto dramático.
DA ENCENAÇÃO
A encenação reforça a linguagem estética do Ponto de Partida que constrói os espetáculos a partir do ator e de um elemento físico que perpassa todo o espetáculo configurando o espaço e o jogo teatral, que se dá em cena, compactuado com a plateia.
O barroco é um espaço em movimento e é isso que o grupo busca criar no espetáculo. São usados sacos de farinha enchidos com os mais diversos elementos, que instauram permanentemente os espaços cênicos para atender às necessidades dramática e estética da encenação. Também são configurados os caminhos de Minas tortuosos, articulados em desvãos.
Como a encenação tem um ritmo muito forte e se configura quase como um roteiro cinematográfico, a luz foi inventada para iluminar essa cena em movimento. Além de ser muitas vezes cenográfica, ainda reforça em alguns momentos a estética barroca do claro escuro, que procura a dramaticidade conquistada pela luz.
Os figurinos carregam as cores de Mestre Athayde e pintam a cena em nuances barrocas. O público se identifica com o espetáculo e completa a encenação confirmando esse mistério insondável que, algumas vezes, acontece: quando os atores e público são a mesma trupe, cúmplices, deleitando-se com uma história que os diverte, os comove e os particulariza.
DA PESQUISA
O Círculo do Ouro foi construído a partir de três anos de pesquisa com a assessoria de especialistas dos diversos aspectos que ele aborda, com muitas leituras técnicas e literárias, com consultas a documentos do Arquivo Mineiro, com várias visitas às cidades históricas, ora sozinhos, ora acompanhados de historiadores e artistas plásticos, com estudos minuciosos da linguagem e da música do século XVIII.
Todo o conhecimento que esse espetáculo exigiu, deu a segurança e a liberdade necessárias para o grupo fugir a qualquer pretensão de precisão histórica ou isenção científica e buscar permanentemente o tom dramático, a solução teatral, os caminhos arriscados e tentadores da criação.
DA MÚSICA
A pesquisa foi feita pelo Ponto de Partida, sob coordenação de Pablo Bertola. Remonta aos compositores barrocos mineiros, ao canto dos negros: os vissungos, os cantos religiosos, os cantos de festas como o lundu e os batuques e a música que começou a ser produzida para movimentar a incipiente vida social urbana, como as modinhas. Também se aprendeu a dançar a umbigada e a contra dança, o moçambique e o samba de roda.
Como a proposta do espetáculo é mostrar como esse período influenciou na produção artística contemporânea, também incorporam-se à trilha músicas de compositores mineiros de várias gerações como Ary Barroso, João Bosco, Nivaldo Ornelas, Fernando Brant, Milton Nascimento e Sérgio Santos. É difícil identificar, em alguns momentos, onde eles se separam dos compositores populares do século XVIII ou do canto dos escravos. Também estão em cena músicas compostas especialmente para o espetáculo por Gilvan de Oliveira e Pablo Bertola, que também assinam a direção musical.
Os atores se exercitaram para dominar toda essa gama de canções e, quando a trilha se configurou, a sonoridade de “O Círculo do Ouro” se confirmou muito particular. A música é tocada em cena por atores/músicos e ao vivo pelo pianista Felipe Moreira.
Enfim, o que se buscou incessantemente no espetáculo foi realizar o nunca havido, com todos os riscos que isso acarreta.
“O Círculo do Ouro”
Às vésperas de completar 30 anos, grupo apresenta texto inédito que narra o “século de ouro” das Minas Gerais, reafirmando seu compromisso com a palavra e a literatura.
Único final de semana: dias 13, 14 e 15 de novembro no Teatro do SESC Vila Mariana
Após o sucesso de “Ser Minas tão Gerais” e “Pra Nhá Terra”, o grupo Ponto de Partida estreia “O Círculo do Ouro”, com seus 14 atores e realização do SESC SP. O espetáculo foca o olhar em um dos momentos mais determinantes da história de Minas Gerais e do país, quando as minas são descobertas e o ouro atrai para o sertão o maior contingente de habitantes jamais visto na colônia: nessa época, Villa Rica era mais populosa que Nova York. Seguindo os processos muito particulares do Ponto de Partida na montagem de um novo espetáculo, os personagens e o texto foram criados pelos atores a partir da pesquisa. A história e a dramaturgia são da diretora do grupo, Regina Bertola.
O texto traz a saga dessa gente vigiada, cercada por impostos absurdos e delações, afinal, o volume de ouro retirado das minas era tamanho que foi suficiente para contribuir significativamente com o financiamento da Revolução Industrial, na Inglaterra, e transformar o mundo para sempre*. Apesar disso, essa gente vivia em condições miseráveis, na luta permanente para sobreviver, se inventar, se nomear. Como essa herança nos determina hoje e como ela amalgamou tantos elementos na construção da nossa forma de ver e estar no mundo e na criação de nossos artistas contemporâneos é o mote da peça, com apresentações nos dias 13, 14 e 15 de novembro no Teatro do SESC Vila Mariana.
Toda essa história é contada do ponto de vista do povo e não se desenrola atada a nenhum compromisso didático. É puro teatro: lúdico e poético, que quer deixar aflorar os traços que nos determinam brasileiros, mas também as questões que nos instigam como seres humanos: o amor, a liberdade, o medo, a solidariedade, a sobrevivência, a paixão, a ousadia, a coragem, a loucura, a identidade.
Nesses 29 anos de trabalho, com mais de 30 espetáculos produzidos, o Ponto de Partida orgulha-se de ter pesquisado e criado uma dramaturgia que coloca o homem brasileiro no centro do palco, no papel principal. Tem incorporados à sua bagagem textos de sua autoria, como Viva o Povo Brasileiro ou Beco – a ópera do lixo, montagens de grandes autores brasileiros, como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Manoel de Barros, Jorge Amado, Adélia Prado, Bartolomeu Campos de Queirós e a obra de compositores como Milton Nascimento, Chico Buarque, Pablo Bertola. E, apesar de fortemente ligado às suas raízes culturais, em momento algum o grupo se fecha num regionalismo estreito, haja visto a sua carreira internacional com vários espetáculos premiados fora do país.
*fonte: KOSHIBA, Luiz – História do Brasil. São Paulo, Ed. Atual, 1993.
O TEXTO
Além do desafio imenso de inventar um espetáculo tendo como suporte mais de um século de História, o aspecto mais instigante e inovador do “O Círculo do Ouro” é que essa história é contada a partir da fala do povo e do universo de escritores mineiros contemporâneos. Então, os personagens do século XVIII, em sua maioria mestiços, falam também Adélia Prado, Drummond e Guimarães Rosa. E o mais emocionante é como isso se concilia, com que propriedade o texto toma forma e como é quase mágico perceber como as palavras empregadas em outros textos e contextos, se entregam com gosto a essa nova história. Também se incorporam ao texto documentos oficiais, cartas régias, decretos, “bandos”, cartas de viajantes que determinam o tempo histórico e mostram a relação da Coroa e do poder com a gente das Minas.
Apesar de “O Círculo do Ouro” estar contextualizado num tempo histórico ele é uma ficção, um texto dramático.
DA ENCENAÇÃO
A encenação reforça a linguagem estética do Ponto de Partida que constrói os espetáculos a partir do ator e de um elemento físico que perpassa todo o espetáculo configurando o espaço e o jogo teatral, que se dá em cena, compactuado com a plateia.
O barroco é um espaço em movimento e é isso que o grupo busca criar no espetáculo. São usados sacos de farinha enchidos com os mais diversos elementos, que instauram permanentemente os espaços cênicos para atender às necessidades dramática e estética da encenação. Também são configurados os caminhos de Minas tortuosos, articulados em desvãos.
Como a encenação tem um ritmo muito forte e se configura quase como um roteiro cinematográfico, a luz foi inventada para iluminar essa cena em movimento. Além de ser muitas vezes cenográfica, ainda reforça em alguns momentos a estética barroca do claro escuro, que procura a dramaticidade conquistada pela luz.
Os figurinos carregam as cores de Mestre Athayde e pintam a cena em nuances barrocas. O público se identifica com o espetáculo e completa a encenação confirmando esse mistério insondável que, algumas vezes, acontece: quando os atores e público são a mesma trupe, cúmplices, deleitando-se com uma história que os diverte, os comove e os particulariza.
DA PESQUISA
O Círculo do Ouro foi construído a partir de três anos de pesquisa com a assessoria de especialistas dos diversos aspectos que ele aborda, com muitas leituras técnicas e literárias, com consultas a documentos do Arquivo Mineiro, com várias visitas às cidades históricas, ora sozinhos, ora acompanhados de historiadores e artistas plásticos, com estudos minuciosos da linguagem e da música do século XVIII.
Todo o conhecimento que esse espetáculo exigiu, deu a segurança e a liberdade necessárias para o grupo fugir a qualquer pretensão de precisão histórica ou isenção científica e buscar permanentemente o tom dramático, a solução teatral, os caminhos arriscados e tentadores da criação.
DA MÚSICA
A pesquisa foi feita pelo Ponto de Partida, sob coordenação de Pablo Bertola. Remonta aos compositores barrocos mineiros, ao canto dos negros: os vissungos, os cantos religiosos, os cantos de festas como o lundu e os batuques e a música que começou a ser produzida para movimentar a incipiente vida social urbana, como as modinhas. Também se aprendeu a dançar a umbigada e a contra dança, o moçambique e o samba de roda.
Como a proposta do espetáculo é mostrar como esse período influenciou na produção artística contemporânea, também incorporam-se à trilha músicas de compositores mineiros de várias gerações como Ary Barroso, João Bosco, Nivaldo Ornelas, Fernando Brant, Milton Nascimento e Sérgio Santos. É difícil identificar, em alguns momentos, onde eles se separam dos compositores populares do século XVIII ou do canto dos escravos. Também estão em cena músicas compostas especialmente para o espetáculo por Gilvan de Oliveira e Pablo Bertola, que também assinam a direção musical.
Os atores se exercitaram para dominar toda essa gama de canções e, quando a trilha se configurou, a sonoridade de “O Círculo do Ouro” se confirmou muito particular. A música é tocada em cena por atores/músicos e ao vivo pelo pianista Felipe Moreira.
Enfim, o que se buscou incessantemente no espetáculo foi realizar o nunca havido, com todos os riscos que isso acarreta.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
domingo, 1 de novembro de 2009
Um Novo Olhar Sobre Itabira
Dando continuidade ao Projeto Um novo Olhar Sobre Itabira, o Grupo Ponto de Partida levou a cidade o seu mais novo trabalho, o espetáculo “O Círculo do Ouro”. Foram duas apresentações.Trocando história por história ,ingressos por livros, arrecadamos um grande número de livros que serão repassados a um Banco de livros em Itabira.
O Ponto de Partida retomou também o trabalho com os “Mineiros de Itabira”, coro composto por funcionários da Vale. Foi emocionante reencontrá-los tão animados! Estamos muito felizes com o retorno. Teve cantoria e tudo!
Foi inaugurada a Exposição de Fotos Memória Compartilhada que também faz parte do projeto Um Novo Olhar Sobre Itabira e há dois anos estava sendo preparada. Valeu a pena a espera já que a exposição ficou linda. Nem Drummond imaginaria que sua casa agora habita não só suas memórias mas de toda a cidade. A casa azul está cheia de caixas azuis e dentro das caixas: amores, amigos, lembranças e saudades. Alexandre Rousset e Tereza Bruzzi, junto com o Ponto de Partida, fizeram um trabalho primoroso com fotos cedidas por famílias de Itabira.
Entrar na casa é viajar num tempo não muito longe...onde as crianças desciam as ladeiras com suas asas de anjo!
A exposição está na Casa de Drummond, Itabira - MG, até o dia 27 de novembro.
Vejam as fotos aqui no Blog (à direita) e não deixem de visitar!
Casa
Carlos Drummond de Andrade
Há de dar para a Câmara,
De poder a poder.
No flanco, a matriz,
De poder a poder
Ter vista para a serra,
De poder a poder
Sacadas e sacadas,
Comandando a paisagem
Há der ter dez quartos
De portas sempre abertas
Ao olho e pisar do chefe
Areia fina lavada
Na sala de visitas
Alcova no fundo
Sufocando o segredo
De cartas e baús
Enferrujados
Terão pátio
Quase espanhol vazio
Pedrento
Fotografando o silêncio
Do sol sobre a laje
Da família sobre o tempo
Forno estufado
Fogão de muita fumaça
E renda de picumã nos barrotes
Galinheiro cumprido
Á sobra de muro úmido.
Quintal erguido
Em rampa suave, flores
Convertidas em hortaliça
E chão ofertado ao corpo
Que adore conviver
Com formigas, desenterrar minhocas,
Ler revista e nuvem
Quintal terminado em pasto infinito
Onde um cavalo espere
O dia seguinte
E o bambuzal receba
Telex do vento.
Há de ter muito isso
Mais o quarto de lenha
Mais o quarto de arrepios
Mais a estrebaria
Para o chefe apear e montar
Na maior comodidade
Há de ser por fora
Azul 1911
Do contrário não é a casa.
O Ponto de Partida retomou também o trabalho com os “Mineiros de Itabira”, coro composto por funcionários da Vale. Foi emocionante reencontrá-los tão animados! Estamos muito felizes com o retorno. Teve cantoria e tudo!
Foi inaugurada a Exposição de Fotos Memória Compartilhada que também faz parte do projeto Um Novo Olhar Sobre Itabira e há dois anos estava sendo preparada. Valeu a pena a espera já que a exposição ficou linda. Nem Drummond imaginaria que sua casa agora habita não só suas memórias mas de toda a cidade. A casa azul está cheia de caixas azuis e dentro das caixas: amores, amigos, lembranças e saudades. Alexandre Rousset e Tereza Bruzzi, junto com o Ponto de Partida, fizeram um trabalho primoroso com fotos cedidas por famílias de Itabira.
Entrar na casa é viajar num tempo não muito longe...onde as crianças desciam as ladeiras com suas asas de anjo!
A exposição está na Casa de Drummond, Itabira - MG, até o dia 27 de novembro.
Vejam as fotos aqui no Blog (à direita) e não deixem de visitar!
Casa
Carlos Drummond de Andrade
Há de dar para a Câmara,
De poder a poder.
No flanco, a matriz,
De poder a poder
Ter vista para a serra,
De poder a poder
Sacadas e sacadas,
Comandando a paisagem
Há der ter dez quartos
De portas sempre abertas
Ao olho e pisar do chefe
Areia fina lavada
Na sala de visitas
Alcova no fundo
Sufocando o segredo
De cartas e baús
Enferrujados
Terão pátio
Quase espanhol vazio
Pedrento
Fotografando o silêncio
Do sol sobre a laje
Da família sobre o tempo
Forno estufado
Fogão de muita fumaça
E renda de picumã nos barrotes
Galinheiro cumprido
Á sobra de muro úmido.
Quintal erguido
Em rampa suave, flores
Convertidas em hortaliça
E chão ofertado ao corpo
Que adore conviver
Com formigas, desenterrar minhocas,
Ler revista e nuvem
Quintal terminado em pasto infinito
Onde um cavalo espere
O dia seguinte
E o bambuzal receba
Telex do vento.
Há de ter muito isso
Mais o quarto de lenha
Mais o quarto de arrepios
Mais a estrebaria
Para o chefe apear e montar
Na maior comodidade
Há de ser por fora
Azul 1911
Do contrário não é a casa.
Circulo do Ouro em Juiz de Fora
Foi de arrepiar a apresentação do espetáculo “O Círculo do Ouro” no Cine Theatro Central. Casa lotada!Próxima parada: São Paulo, Teatro Sesc Vila Mariana!
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