quarta-feira, 28 de maio de 2008
Oficina de atores - Pré-seleção
Atenção, candidatos pré-selecionados para a Oficina de Atores Ponto de Partida.
Estes foram os textos selecionados, que vocês deverão preparar como tarefa para a seleção final.
Abraços,
Equipe do Ponto de Partida
TEXTO 01
"A vida é igual uma árvore carregadinha de fruto.
Uns colhem um só, e podre.
Uns passam o tempo inteiro com um fruto na mão, sem coragem de cascá.
Outros quer todo dia o mesmo fruto, igualzinho, mesmo cheiro, mesmo gosto, mesmo tamanho, não tem nem desejo de experimentar um novo.
Eu sou feito menino.
Eu quero é experimentar todos os que eu possa aguentar.
Os amargo, os azedo, os doce, os farturento.
Eu quero é ficar todo lambuzado da vida.
Eu quero ter coragem de cascá todos.
Eu prefiro morrer de indigestão, do que viver aguado!!"
(texto de Regina Bertola do espetáculo Beco - a ópera do lixo)
TEXTO 02
"Humilhação destas lombrigas,
humilhação de confessá-las
a Dr. Alexandre, sério,
perante irmãos que se divertem
com tua fauna intestinal
em perversas indagações:
“Você vai ao circo assim mesmo?
Vai levando suas lombrigas?
Elas também pagam entrada,
se não podem ver o espetáculo?
E se, ouvindo lá de dentro.
as gabarolas do palhaço,
vão querer sair para fora,
hem? Como é que você se arranja?”
O que é pior: mínimo verme,
quinze centímetros modestos,
não mais -vermezinho idiota -
enquanto Zé, rival na escola,
na queda-de-braço, em tudo,
se gabando mostra no vidro
o novelo comprovador
de seu justo gabo orgulhoso;
ele expeliu, entre ohs! e ahs!
de agudo pasmo familiar,
formidável tênia porcina:
a solitária de três metros".
(Carlos Drummond de Andrade)
TEXTO 03
O Jeremias vivia solto pra todo lado. Vivia uns privilégios, assim, que nenhum galo vivia. Também pudera, né! Era cego de um olho! E eu mantinha um amor imenso por Jeremias. Desse amor assim, que se aperta o amado contra o peito, mas com cuidado, pra não matar de amor. E ele entendia. Onde eu ia ele ia atrás. Não fugia de mim.
Até que, hoje de manhã, só pra agradar o Padre Libério, o Zé do Sino matou o Jeremias! Matou daquele jeito, D. Cotinha: Ajoelhou nos pés e nas asas, depenou um pedaço do pescoço, deu duas batidinhas com o cantinho da faca antes de cortar e aparou o sangue com um prato de esmalte. Matar o Jeremias em dia de Nossa Senhora da Assumpção?!
E na hora do almoço. O meu coração não dava conta, sem chorar, de mastigar o amor, com angu e quiabo!
(inspirado em texto de Bartolomeu Campos de Queirós)
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